terça-feira, 12 de agosto de 2014

Espólio Sangrento - X

X - A sentença.

- Ele foi pego? Ele foi capturado? – Exaltou o gordo Sultão, sentando em seu trono mantendo agora um sorriso afortunado. Estava aliviado, satisfeito.

Caso Vlad III conseguisse fugir o Sultão estaria em um mal estado. A alguns quilômetros de distância do castelo. Hungáros e Turcos travavam uma sanguinolenta batalha, chamada depois de ‘’A cruzada de Varna’’.

Mehmed II manteve alguns soldados espiões nas terras de Valáquia e soube que Vlad Dracul mandará seu filho mais velho, Mircea para o campo de batalha, contra o seu exercito turco.
Traição? Jogo politico? Mehmed não soube ao certo. Informações que chegavam até ele diziam que: O Papa praticamente obrigara o príncipe de Valaquia se aliar aos cristões. 

Cobrando de Vlad II o juramento que fizera anos atrás a sua ordem cristã, A ordem do dragão.
Mehmed II ficara tranquilizado ao saber logo em seguida que o exercito cristão fora simplesmente massacrado. João Corvino conseguiu escapar, mas de forma nada honrosa, manchando para sempre a reputação dos cavaleiros brancos. Mircea, irmão mais velho de Vlad também conseguiu fugir, mas a derrota dos cristões para os turcos fazia o Sultão estremecer de felicidade. Estremeceu ainda mais ao saber que o garoto tinha sido capturado. Vlad II não se envolvera particularmente na batalha devido o estado dos filhos, Vlad III e Radu como reféns. Caso um deles fugisse, uma morte seria um pequeno efeito colateral diante uma grande vitória. Ou era assim que mehmed pensava, e acreditava que o príncipe da valáquia também.

- Reúnam todos os servos, todos os soldados, todos ser vivo que habita este castelo. Quero que nosso pequeno convidado tenha uma grande recepção. – Seu olhar era maldoso e sua voz soava como uma maldição..
~~
Vlad estava cansado, machucado. A viagem de volta a sua prisão demorou quase três dias. Eu andei isso tudo em um dia e meio? Não consigo acreditar.

Passaram por todos os pontos de paradas que Vlad passara outrora. Principalmente pela cachoeira, o local onde estava escondido o livro dos Não-Mortos. Não iria esquecer aquele local, jamais. Gravou todo o caminho com toda sua memoria e atenção. Assim que tivesse a oportunidade iria desenhar um mapa, para ter certeza que quando tivesse a oportunidade 
(fosse em outra fuga ou em liberdade) iria passar pelo local.

Seus devaneios tinham um ritmo fraco e simples. Livro dos Não-Mortos e o lobo de olhos vermelhos. Que criatura era aquela? Por que tinha o protegido? Como Vlad pensava e ele agia? Como essas coisas poderiam acontecer?

Seu braço mordido pelo cão estava sangrando um pouco e tinha ficado inflamado, mal podia mover o braço ou o cavalo dar um passo forçado e seu braço doía. Era uma dor insuportável, como se tivessem cacos de vidros dentro de sua pele, mas era apenas a inflamação.
Lembrou de seu irmão, de como tinha o deixado para trás. Não estava arrependido, não mesmo. Ele fez a escolha dele e eu a minha. Não posso, não devo me arrepender. Esta foi a minha escolha.

Imaginou que talvez, Radu estivesse sofrendo, pagando por sua audácia, mas na verdade o mais novo estava limpo, descansado e rodeado de bons livros.

A viagem fora cansativa, eles paravam apenas seis horas no meio da noite para dormir, tempo que vlad perdera mais da metade para conseguir fechar os olhos, graças ao seu braço e aos pensamentos instintivos. Eu posso tentar fugir, eu posso tentar correr. Mas no fundo ele sabia que apenas iria ‘’tentar’’, infelizmente o conseguir estava fora do seu alcance. Ele fora mordido, estava com fome, exausto, sem dormir. Não ia conseguir fugir.

Às vezes conseguia cochilar em meio a cavalgada, já que as enormes árvores recheada de grandes galhos e folhas cobriam os céus, deixando pequenos flashes de luz passar entre os pequenos espaços de uma folha e outra.

Naquele momento ele estava sentado, sentindo o andar do cavalo e quase dormindo. Os olhos estavam fechados mas suas orelhas (por mais que ele estivesse quase dormindo) estavam atentas.

- Abram os portões! – Ouviu um dos soldados que o escoltara gritar.

Essa não....Chegamos...

O barulho do enorme portão de pedra sendo erguido fora captado por suas orelhas e ele abriu os olhos. Voltou a fitar aquela entrada de pedra com esculturas demoníacas e um frio passou por sua espinha. Fazendo todo seu corpo arrepiar-se.

Cavalgaram até a entrada do pátio e um soldado veio ao encontro deles.

- Vlad Tepes III, que bom que está de volta!

Vlad abriu os olhos e fitou aquele soldado. Como odiou o tom de ironia e sarcasmo do homem e quis mata-lo, quis enfiar os dedos na boca dele e arrancar-lhe a língua.
O garoto não respondeu, simplesmente aceitou a ajuda para descer do cavalo e esperou.

- Temos uma grande recepção para você!

Vlad olhou para o lado e pra cima,  voltando a olhar o soldado maior que ele.

- Recepção? Isso não é uma visita.. Eu fui capturado, estava fugindo!- Sua voz foi baixa e rancorosa, como se estivesse arrependido do que fizera, mas talvez estava, se não fosse a descoberta. Preciso encontrar o velho depois. Se eu não morrer é claro.

Vlad fora escoltado até o portão principal. Olhou o mesmo sendo aberto e atrás dele, dezenas de soldados, serventes, escravos e todo tipo de pessoa que habitava o castelo, dentro do salão principal, olhou Radu sentando ao lado da esposa do Sultão e sentiu-se traído, trocado. Seu maldito, sua mocinha....

Mordeu os lábios de ódio, dessa vez queria ter outra oportunidade para dar um soco no peito do irmão. Mas dessa vez iria mata-lo.

O sultão estava em seu trono e levantou, caminhando em direção de Vlad.

- Vejam meus soldados, meus escravos, meus servos. Vejam este pequeno e ousado garoto.
 Vlad não abaixou a cabeça, permaneceu fitando o sultão.

- Vejam ele está sangrando, está machucado, gravemente ferido.. Tudo isso pelo que? Pela tentativa falha de fugir dos meus aposentos. Sendo que ele foi entregue pelo próprio pai!
O garoto sentiu um soco no seu estomago. Como se cravassem uma espada em seu coração. As palavras dele...São verdadeiras, não tenho o que contestar

Conforme o sultão se aproximava do garoto, ele aumentava seu sorriso insano e maldoso.

Vejam vocês com seus olhos! – Parou na frente do garoto, aumentando o tom de voz – O que eu vou fazer com o VLAD TEPES III, filho de VLAD DRACUL TEPES II

O Sultão rapidamente levou a mão gorda contra o rosto do garoto, esbofeteando com força, fazendo-o cair para trás. Vlad sentiu a dor, sentiu a humilhação e depois sentiu os dedos do gordo segurando seus cabelos.

- Vejam no que vou transformar esse grande garoto, ousado e forte. Assassino de canibais da montanha. – gritava enquanto começava a arrasta-lo. Vlad levou as mãos até os pulsos dele, ignorando a dor agora do braço inflamado, tudo para parecer menos humilhante enquanto ela puxado em direção de uma porta.

- Minha mulher! – Gritou para sua esposa – Eu a amo, eu sou fiel a você. Mas o castigo desse garoto será perder sua honra, irá perder seu orgulho. – Vlad sentiu seu coração apertar, sentiu uma enorme angustia.  O que ele quer dizer com isso?

- Vou faze-lo pela primeira vez na vida dele ele se sentir com vergonha, humilhado. Vou faze-lo de minha mocinha!

Naquele momento todo o silencio do local fora acabado, vozes de la para cá podiam ser ouvidos, gorgulhos, risadas, chingamentos. Todo tipo de besteira contra o garoto. Vlad olhou para a mulher do Sultão e ela sorria, satisfeita com o castigo. Eu não posso acreditar nisso, eu não acredito nisso.

O sultão parou diante a porta e abriu a mesma. Vlad descobriu que ali era o quarto de algum criado e descobriu que nunca deveria ter tentado fugir.
~~
Adrianópolis – Estado Otomano
- Padre Shaft, padre Shaft! – Gritou uma menina de doze anos, sua pele era branca e seus cabelos eram ruivos.
O padre alto, um pouco moreno e careca olhou para a jovem garota e sorriu.

- Diga minha pequena, o que está fazendo aqui? – O mesmo tinha um voz forte e calma.

- Minha mãe... Não sei onde está minha mãe! – A menina dizia em um tom inocente, mostrando que estava realmente perdida.

Os dois estavam diante a porta do monastério. O local era rodeado por árvores que davam direto a grande floresta.

- Vamos, venha comigo, vou ajuda-la a encontra-la.
A garota caminhava em direção do padre que realmente, tinha a intenção de ajuda-la, mas repentinamente um barulho no meio do mato fizera com que ela parasse.

- Não se preocupe minha garota, deve ser apenas um coelho, venha até mim! Vamos procurar sua mãe!

A garota estremeceu, olhou para trás e infelizmente descobriu que o que estava dentro da mata não era apenas um coelho. Coelhos não tinham olhos vermelhos como aquela criatura e não se movimentava de forma solene como aquele enorme lobo.

O padre se assustou e ao mesmo tempo se surpreendeu

Esses olhos vermelhos, essa pelugem negra.. É o diabo, o diabo veio até mim!
Repentinamente o lobo pulou em cima da garota, ele estava sangrando e tinha flechas por seu corpo. O lobo mordeu no pescoço da menina e deixou as patas por cima dos braços frágeis da garota. Tirou um enorme pedaço de carne do pescoço da menina e comeu, bebendo também todo o sangue que jorrava.

O padre Shaft permaneceu inerte, não sabia se estava com medo, se estava triste pela morte ou feliz pela descoberta.

Isto é um sinal...O diabo veio até mim...Ele não vai me matar, ele não me quer como inimigo, ele me quer como aliado.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Espólio Sangrento: XI

Uma nova amizade

- Ele está sendo perseguido? – Perguntou o Sultão, um pouco satisfeito. Estava sentado em seu trono real. Diante dele um soldado mensageiro. O mesmo estava ajoelhado, olhando para o chão.

- Como esse moleque consegue? Ele tem apenas treze anos e consegue dar toda essa dor de cabeça? – A voz de Mehmed II soava um pouco mais solene. O mesmo segurava o pergaminho com menos ódio que sentira outrora. Estava trajando um pano que envolvia todo seu corpo. Um cetim vermelho e sua coroa de realeza. O local era o salão real. O mesmo tinha quase trinta metros quadrados, rodeado por soldados nas laterais em pé. Todos segurando lanças em posições de defesa, fazendo a proteção do seu rei.
O mensageiro ouviu e pensou: Ele é mais esperto que todos nós, que todos nós. Mas é claro, ele apenas pensou, não ousaria dizer algo daquele tipo em voz alta. Sabia que se falasse, seriam suas ultimas palavras.

- E o mais novo? Onde ele está?

- Está na biblioteca, lendo os livros dos seus ancestrais meu senhor. – Respondeu o mensageiro, ainda olhando para o piso branco.

- Este garoto é idiota, mas ainda consegue ser tão esperto quanto Vlad. Ele sabe que se não me dar dor de cabeça, ele não sofrerá. Garoto esperto.
~~
Os gorgulhos  abissais ecoavam pela mata escura. Os animais noturnos caçavam suas presas, as presas que tinham sorte conseguiam escapar de seus predadores. Aquelas que tinham azar sentia a dor da captura, a dor do bote dos seus predadores. Era exatamente esta dor que Vlad estava prestes a sentir. Os caninos finos iriam penetrar sua carne fina e talvez dilacera-lo, com pouco de sorte, sairia vivo, mas a sorte iria acabar quando fosse entregue ao Sultão. Estava exausto, cansado, quase desmaiando quando sentia o cheiro de pelo molhado aproximando-se de si e segundos depois uma criatura escura com olhos vermelhos ficando a sua frente.

­ Um lobo? Isto é um lobo?

Sua visão era turva, sua consciência estava fraca, entrou em um pequeno estado de vigília graças à adrenalina que seu corpo criará ao ver aquele animal tomando a frente de si.
Estou enlouquecendo...Não...Isto é uma alucinação, como um animal desse pode me 
proteger? Por que está tentando me proteger?

Agora via o lobo andando de um lado para o outro, mostrando os caninos enormes para os cachorros, parecia estar feroz, furioso. Não consigo entender.

Os cães treinados fitavam e se preparavam para bote contra a criatura funesta.

O lobo não conseguia entender o porquê de estar ali, protegendo aquela criança. Não reconhecia o seu cheiro, nunca sentiu um odor familiar se quer, mas algo o impulsionava para tal ato. Repentinamente os dois cães que estavam nas laterais avançaram, ágeis e com precisão.

O lobo esperou cerca de três segundos e avançou na direção do maior, primeira iria ferir o mais agressivo, deixando-o ferido para depois atacar o menor. Ele era experiente e sábio para sua espécie, era velho, mais velho que muitos homens.

Com sorte, teve êxito e conseguiu atacar primeiro que a dupla. Ao aproximar-se de mais do cão maior, abaixou-se impulsionou as patas dianteiras contra o chão, fazendo-o dar um pequeno pulo de baixo para cima, abocanhado o pescoço do cachorro. Cravou os dentes ferozes e sentiu o sangue quente descer por sua garganta. Era delicioso, saboroso e prazeroso. Como era bom o gosto de sangue.

Caso Vlad pudesse ver, iria notar os olhos vermelhos brilharem de satisfação.
O cão uivou de dor, um uivo alto e agonizante, chamando a atenção de todos e tudo que estivesse por perto.

Os olhos de Vlas estavam quase fechados novamente, mas o rugido de aflição fizera com que um arrepio o mantivesse acordado.

Ele realmente vai me proteger...Que animal é este?

Mas a sorte não estava totalmente ao lado do lobo. O mesmo acreditou que ao acertar o seu bote, o menor iria se afastar. Mas isso não aconteceu.

Sentiu as presas do outro cão contra sua coxa direita traseira e virou rapidamente, acertando uma mordida forte contra o rosto do cachorro. Os dentes perfuravam um dos olhos do animal de pele branca e este caiu no chão chorando, um som agudo e irritante.

Meus ouvidos..Mate esse animal de uma vez.

O lobo olhou para trás como se tivesse ouvido Vlad e o coração do garoto acelerou.
O animal negro deu um pequeno salto contra o cachorro caído e dilacerou o pescoço dele, criando uma enorme poça de sangue no chão. Os outros dois cães rodeavam-se o lobo enquanto os outros dois estavam mortos.

Vlad sorriu. Como eu amo essa cor, este vermelho forte, está cor que reflete a vitalidade.
Mas arregalou os olhos quando um dos cães o fitara e voltara a rosnar para ele.
Não....Para mim não...Olha o lobo...Olha o lobo....- Pensou o garoto fraco e cansado, incapaz de levantar-se novamente e correr.

O lobo se manteve rodopiando lentamente, mantendo o mesmo ritmo do cão que o rondava. O garoto, tenho que proteger o garoto. Tentou avançar em um bote mas sentiu a dor da sua pata traseira, era impossível dar um bote eficaz e rápido, infelizmente teria que esperar o cão avançar para esquivar-se e mata-lo.

Vlad olhou para os lados, procurando qualquer coisa que pudesse usar para se defender caso o cão avançasse contra si. Tudo que seus olhos negros e redondos viam eram pequenas pedras e alguns galhos quebrados. Por favor, não avance, não avance!

E fora exatamente isso que o cão bravo fez, avançou e pulou em cima do garoto. Em um movimento rápido defensivo, Vlad colocou o braço esquerdo por cima do rosto e em seguida sentiu as os dentes ferozes do animal penetrando sua carne, chegando a seu osso.

- NÃO! SEU FILHA DA PUTA!  ISSO DÓI, NÃOOO!

O garoto tentou mover o braço, chacoalhar para o cão soltar e descobriu que isso seria uma péssima ideia, já que os dentes do cachorro tinham penetrado sua carne.
Vou te mata-lo, não importa mais, vou te matar!

­A dor era agonizante e com muita fúria e ódio Vlad fechou a mão e socou a cabeça do cão. Após cinco movimentos percebeu que era inútil e então olhou para o chão, pegando a maior pedra que conseguiu ver, levando novamente a mão contra a cabeça do animal, mas dessa vez acertando a cabeça do bicho com a ponta da pedra. Apenas três movimentos foram necessários para o cão soltar seu braço e começar a gemer de dor. Com o mesmo braço que segurava a pedra,  jogou a criatura no chão e com ferocidade e ódio, esmagou a cabeça do animal.

- MORRA!MORRA! MORRAAAA!
O lobo negro não podia mais proteger a criança, não por enquanto. Tinha que primeiro terminar o assunto com o ultimo cão agora.

Humanos são tão inteligentes, mas sem armas, são tão fracos e sensíveis. Ele vai ter que se virar.

Tentou dar um bote, mas sentiu a carne da coxa repuxando, fazendo-o cambalear de dor. O cão a sua frente era inteligente. Sabia que tinha certa vantagem, não tinha nenhum ferimento e estava esperando o lobo atacar.

Repentinamente um grito de dor fora ecoado pelo local.

Ele foi pego...

Segundos depois era o gemido do cão que se podia ouvir. O cão diante o lobo se distraiu e virou um pouco do seu corpo, podendo ver a situação.

AGORA!

Pensou o lobo e avançou contra a jugular do cachorro, mordendo com todas suas forças a carne do animal, movendo a cabeça de um lado para o outro, arrancando a carne do animal.
Não demorou e o cão caiu inerte, morto.

Mas que diabos.

Naquele momento sentiu certo orgulho. Entendeu o porquê estava sendo atraído pela aquela criança. Ele não é um humano comum.

Vlad estava em cima do cachorro, sua mão direita segurava uma pedra coberta de sangue. O chão era uma verdadeira poça de liquido vermelho e a cabeça do animal estava totalmente destruída.

Os olhos do garoto brilhavam de felicidade, de prazer. Ele respirava e fitava o animal morto como se fosse um prêmio, como se fosse sua maior arte já criada. O braço esquerdo do menino sangrava, estava mordida, um grave ferimento.

Ele soube se defender!

- AQUI! ELES ESTÃO AQUI!

Vozes de humanos foram ouvidas tanto pelo lobo, quanto pela criança. Mas antes que o lobo pudesse se virar, ele sentiu dois espinhos penetrando suas costas.
Ele se virou, cambaleou para trás, fraco, sentindo uma enorme dor, estava muito ferido.

- NÃO, NÃO O MATE! NÃO O MATE!

Naquele instante, dor, cansaço. Nada disso passou a existir, Vlad se levantou e correu para frente do animal. Era a vez de ele protegê-lo agora.

- Mas que merda é essa? Um lobo gigante? – Gritou espantando o soldado que almejava uma besta com algumas flechas.

- Os olhos desse animal, são vermelhos como sangue. Que demônio é este? – Murmurou outro soldado. Eram cinco no total.

- Não o mate, por favor. Me levem, mas não o mate! – Implorou o garoto, voltando a sentir o cansaço querendo derruba-lo.

- VocÊs mataram todos os cachorros? QUE DEMÔNIOS VOCÊS SÃO?
Gritou o líder dos soldados, avançando até Vlad e o empurrando ao lado.

- Vou exterminar essa criatura! – Disse enquanto levantava a lança que segurava, contudo, o lobo já não estava mais lá, tinha desaparecido.

O soldado olhou para Vlad que agonizava no chão, segurando o braço mordido.

- Vejo que sofreu nessa fuga, espero que aprenda. Você não pode fugir de nós.

Agora Vlad estava sentando em cima de um cavalo, sendo levado de volta para o Sultão. O que vai acontecer comigo? Meu deus, o que vai acontecer comigo? E o lobo, como ele está?


Sentia-se confuso, perdido. Quando de repente ouviu um uivo alto. Não era um uivou qualquer, era o mesmo uivou que ouvira no dia que fora entregue ao Sultão e descobriu que era o uivo de seu amigo lobo.


segunda-feira, 28 de julho de 2014

Meu primeiro livro : DOR & DESESPERO

Boa noite (boa tarde, bom dia )

Bem,finalmente vou começar a vender meu livro e de forma independente.  Como vou fazer isso? Irei vendê-lo em formato PDF.
Caso você queira comprar o livro irei vende-lo por R$ 10.00 
Como? Ou você me adiciona no FaceBook Fell-Escritor
Ou me mandar um email.
felipe.autor@outlook.com


Nome: Dor & Desespero
Status: Esperando Editora
Gênero: Antologia, Terror, Horror e suspense.
Paginas: 255
Arquivo: PDF

Revisão: Sarita Reis
reissarita982@gmail.com

Capa

Desenho: Douglas Santana
 Dougxp32@hotmail.com

Arte final/Cores: Dressa Maya
spnytk@hotmail.com


Contos

Amor Obsessivo.
Hector, um escritor renomado que vive na cidade de Santos. Após Helen morrer, Hector sentia-se perdido e sem inspiração. Sua mulher sempre foi seu ponto de paz e com a morte dela, chega a sua própria loucura. Perdido na escuridão Hector começa a se prender em sua maior criação. Helena que foi uma personagem criado sendo o sinônimo de tudo o que Helen representava. Contudo, a loucura do escritor se torna algo incontrolável.

Babel.
Nimrod, o Soberano babilônico sacrifica seis pessoas todos os anos como oferenda ao Deus do Sol Baal. Capturando os três piores homens e as mais inocentes das mulheres, Nimrod abandona as seis pessoas dentro de uma Zigurate, uma espécie de pirâmide usada para sacrifícios aos Deuses. Dentro da mesma um enorme labirinto irá separar os mortais, contudo. Um Deus nefasto e pútrido irá jogar com as almas dessas pessoas.

Marcas da Morte.
Dan, um jovem inteligente se envolve com os maiores cabeças de sua empresa. Carlos (o padrinho dele na empresa) consegue fazer com que Lucius o gerente da empresa convide o jovem para passar o fim de semana na casa do lago dele, em Curitiba. Repentinamente um dos cabeças da empresa aparece morto em seu escritório: Seu corpo está dilacerado e ensanguentado e uma escrita na parede com o sangue dele deixa um recado que faz todos se arrepiarem. O tempo passa e todos esquecem o suposto suicídio. Na casa do lago em Curitiba acontecimentos paranormais começam a ocorrer e a morte chega abraçando um de cada vez. Será o passado desses ricos implorando vingança ou apenas o caso?

O preço da alma.
 Roberto acorda repentinamente em uma floresta obscura. O frio trás a sensação de morte e o silêncio consome sua alma. O ex- contador não se lembra que lugar é aquele e como foi parar ali. Um pequeno duende alerta Roberto, dizendo que seus maiores pesadelos irão caçá-los iguais a zumbis. O enredo se distorce enquanto a narração muda para algumas ''horas'' atrás. Mostrando como aquele homem foi parar naquele lugar e volta a se distorcer quando a narração ao mostrar a infância do homem. Que era perturbada graças a sua prima doente. Xadrez Mortal. Fernanda é uma bela morena segue para o seu lazer noturno de toda Sexta-feira. Na IX de Novembro em Santos, toda sexta a noite ocorre um evento Happy Hour. Bebida e som alto. Fernanda decidida a encontrar alguém para passar a noite defronta-se com Tiago, um homem alto, moreno e bonito. Contudo ela nem imagina que lá seria o começo para um jogo de vida e morte envolvendo outras pessoas. 

domingo, 27 de julho de 2014

Espólio Sangrento - VIII

 Sedento por sangue

Os músculos pediam por descanso, o cansaço iria vencê-lo. Cada passo dado era como se uma faca fosse cravada em suas panturrilhas. Respirar nunca foi tão difícil para Vlad. E eu achava que meu mestre de armas era exagerado, quando dizia que eu precisava me manter treinado. Que iria ter querido treinar mais quando minha vida dependesse da minha condição física. Conseguiu pensar enquanto esquivava-se das árvores desesperadamente. A lua estava novamente no lugar do sol, uma lua cheia e luminescente, capaz de iluminar uma grande parte daquele território Turco. Estava fugindo há quase doze horas, nunca imaginou que poderia correr tanto, mas iria correr, correr até seu corpo parar por conta própria. Não poderia se dar ao luxo de parar, sentar e descansar. Não enquanto quatro cachorros brancos e enormes corriam em sua direção. Não sabendo que caso fosse capturado, dessa vez o seu castigo seria muito mais que uma pequena punição. A humilhação seria grande, monstruosa. Sabia que não seria morto, não perderia nenhum membro, mas a humilhação seria grande. Uma punição que o garoto nunca mais ousaria esquecer.


Seus olhos fechavam-se por conta própria, estava exausto, com sono, naquele momento a fadiga era sua pior inimiga. E o frio que sempre fora agradável, sempre fora sua amiga, agora fazia o vento parecer laminas cortando seu rosto quando passava por seu rosto.

Os cães atrás de si corriam e latiam, babavam de fúria e ódio. Vlad nunca imaginou que seria possível de fugir de cães por tanto tempo. Contudo o garoto usou muito mais que seu corpo, usou seu cérebro, escondeu-se entre escombros, conseguiu até matar dois dos cachorros, mas isso apenas lhe deu mais tempo e fez com que ficasse ainda mais cansado. Os soldados estavam atrasados, tentando manter o ritmo de fuga, seguindo os rastros da fuga para depois que o garoto fosse pego eles os alcançasse.

Sentiu uma dor forte em seu peito, apoiou a mão em uma árvore e parou, olhando para trás e tentando manter a respiração equilibrada. Nessa pausa de cinco segundos os cachorros se aproximaram dois metros dele e ele sentiu o desespero tomar conta de si. Virou-se e correu, não conseguindo manter os olhos abertos por mais de 10 segundos correu menos de dez metros e bateu o ombro em um grande carvalho, fazendo com que seu corpo rolasse alguns metros no solo coberto de pedras e galhos quebrados. Viu tudo girado e sentiu suas costas batendo contra outra árvore.

- Arghh....

Encostou-se rapidamente contra o tronco, sentindo a dor nas costas causada pelo impacto. Naquele momento seu corpo cedeu ao cansaço. Sentiu que não conseguiria mais se levantar, muito menos correr. Mal conseguia manter seus olhos abertos enquanto os cachorros corriam (quase voavam) em sua direção.

Se esses animais desgraçados não me comerem vivo, agora chegou meu fim. Talvez seja 
melhor eles me comerem vivo, do que eu for pego e levado ao Sultão.

As pálpebras cansadas fechavam-se enquanto sua consciência era dominada pelo cansaço.
Até que um barulho atrás de si chamava a sua atenção. Virava-se lentamente e seu corpo caia no solo, enquanto sua visão turva fazia com que ele visse uma sombra negra de orbes rubra se aproximando de si.
~~

- Como assim? Como aquele pirralho fugiu? – Blasfemava o Sultão fitando de forma incrédula o pequeno Radu. – Além de fugir ele te bateu e furou os olhos de dois dos meus soldados?
Radu sentia-se assustado, acuado. Fora atacado pelo seu irmão mais velho agora Mehmed gritava enfurecido igual um louco com ele.

- Mas...Mas.. Eu não tenho culpa senhor. – Respondeu de forma baixa e olhando para o chão.

- Não tem culpa sua donzela? Seu coração mole de fresco fez com que ele saísse daquela prisão subterrânea, quase te matou, cegou dois dos meus soldados e fugiu. Como a culpa não foi sua?

- Mas sen..- Infelizmente Radu não pode terminar sua pronuncia já que a mão gorda do Sultão acertou em cheio a boca do garoto. O sangue voou para o chão e o menino caiu no chão, mantendo as mãos fracas contra o tapete vermelho.

- Mas nada sua donzela. Sua sorte que este tapete é vermelho, se não eu iria batê-lo mais ainda por suja-la. Ela foi feito pelo melhor tapeçarão desse reino seu menina.

Radu contraiu o choro, mordeu os lábios e sentiu o rosto ficar vermelho de vergonha. Ele era todo o oposto do seu irmão, era fraco, medroso e nunca conseguia se proteger sozinho. Era tão fraco que a culpa cairia em suas costas, enquanto o autor da traição fora seu irmão. Vou odiá-lo, vou odiá-lo.

- Isso mesmo, segure o choro. Está começando a aprender. –  Caminhava de um lado para o outro, impaciente. 

- Esse garoto..Ele tem que ser pego, ele vai ser pego.. E o seu castigo.... Ele vai ter um castigo... Vai ser humilhado. – Olhou para Radu e sorriu.  – Ele vai ser pego e terá uma grande punição.

- Eu não me importo, não me importo mesmo. – Respondeu o garoto, com os olhos fechados segurando as lagrimas. Teve certa dificuldade para falar a primeira vez, mas depois suou até de forma agradável.

- É bom que não se importe.
~~
A criatura de pelos negros caminhava cautelosamente em meio o ar gélido e reconfortante, reconfortante para ele, já que seus pelos o mantinham aquecido. Andava sem deixar pegadas ou barulhos, estava faminto, estava caçando a presa da sua noite. Um coelho? Uma raposa? Não sabia ao certo, apenas sabia que precisava se alimentar, seu instinto pedia isso.

O lobo negro caçava sozinho, sempre caçou assim, fazendo da lua sua única e melhor amiga em meio às caçadas noturnas.

Acreditou que aquela noite seria como todas as outras, contudo surpreendeu-se quando se sentiu atraído por algo. Não sabia ao certo o que era não tinha aquele doce aroma de sangue, de carne, muito menos tinha aroma. Suas orelhas treinadas para ouvir quaisquer que fosse o som, não tinha ouvido nada, simplesmente estava sendo atraído por alguma coisa.

Caminhou ao leste, seguindo seu instinto, preparando-se para o que iria encontrar. Sua barriga ainda estava vazia, mas a necessidade de seguir aquela intuição era mais forte que tudo. Em menos de cem metros de caminhada começou a barulhos diferentes, não um simples barulho de outros animais passeando, mas gritos de algum animal parecido com a sua raça, mas não eram lobos, ele conseguia reconhecer. Logo o cheiro de pelo sujo dominava suas narinas, eram animais peludos, mas não eram lobos.

O lobo negro de orbes rubro rosnou e avançou em direção dos latidos, em direção da sua intuição, como se algo o puxasse para lá. Conseguiu discernir um latido do outro, somando quatro ao total. Esquivava-se das árvores com agilidade e pericia, era um caçador, sabia como se movimentar sem chamar a atenção de suas presas, crescera toda a sua vida fazendo isso.

Não demorou muito para os olhos vermelhos fitarem uma criança caída no chão. Sabia que era uma criança, vivera muitos anos, sabia disso e de muitas outras coisas. Ele não era um lobo normal, outrora já teria sido, mas agora. Ele era um monstro criado por outro monstro.

Os cachorros viam sua presa caindo, acreditaram que agora, iriam mordê-lo. Não iriam mata-lo. Foram treinados para morder, paralisar e soltar. Mas repentinamente uma criatura negra emergiu das sombras, parecia com outros cachorros, mas ele era um pouco maior, mais forte e seus olhos eram vermelhos como sangue. Os cachorros pararam e rosnaram, enquanto a criatura negra parava na frente do garoto e começava a caminhar de um lado para o outro, mostrando os caninos enormes e o olhar sedento por carne, por sangue.